A história do skate é a guerra do homem contra o concreto. Mas não é uma guerra no estilo “tanto bate até que fura”, é uma guerra no estilo “pode vir de garfo porque hoje é sopa”. O skatista é uma espécie de ser humano que, por algum motivo insano, aceita ser o protagonista dessa história.
Na literatura existe um jeito estranho de observar o mundo chamado poesia. Consiste em olhar para uma coisa e ver outra. Por exemplo, quando o poeta diz “nervos de aço”, não está vendo nervos, nem aço, está vendo a competência de alguém. O skatista sofre do mesmo delírio dos poetas. Onde todo mundo vê concreto, o skatista vê diversão.
O skatista ama e odeia o concreto. Ama porque é sua mão direita, sem a qual ele não seria a mão esquerda. Odeia porque é uma mão implacável, sempre pronta para socá-lo caso cometa o menor desequilíbrio. Mas isso não lhe impede de prosseguir e progredir. O skatista é um buda, sabe que a primeira nobre verdade da vida é a dor. E que a segunda é: caiu, levanta.
Segue o skatista deslizando na arquitetura da cidade e brotando em qualquer coisa feita de concreto, igual capim no meio fio.
Vencendo vem o skatista!