Permita-me entrar
pela porta principal
pisando em seus calos
nos calos dos seus pais
avós, bisavós, tataravós
e todos seus ancestrais
até o Big Bang
Permita-me entrar
como um elefante epilético
em uma loja de porcelana
como um amigo dizendo ao outro
que Papai Noel não existe
Permita-me entrar
como um alfaiate que faz ternos
de arame e pó de mico
como um garçom que traz sopa fria
como uma mãe que obriga o filho
a comer os legumes
como Deus dizendo a Jesus
que é filho adotivo