Onde fala? Nesse microfone? Tá!
Oi! Eu sou o povo! Dizem que eu sou a gente. Que nada! Porra nenhuma! Sou mijo de cerveja injetado no útero numa tarde de domingo no banco de trás de um fusca. Se quiser, pode me chamar de protocolo pra político limpar a bunda. Prazer em conhecê-lo!
Você é religioso? Já ouviu falar em Jesus? Aquele filho da puta? Quer dizer, filho sem pai? Acha que ele é o único? Nénão! Aqui em casa são oito filhos do espirito santo, um servindo de cobertor para o outro durante a noite.
Pelamor de Deus, não é porque falei de Jesus que você vai começar com a ladainha. Deus não se importa. Já entendi. Ele tá cagando anjo no paraíso. Contando o dízimo. Jogando na Godbet contra o time do capeta.
Churrasco, pinga, baile funk, trepá com as cachorra. É o que resta! Fora isso, é ferro! Sobreviver da merda que sai da descarga de quem come caviar. Pagar imposto e boleto!
Ah! Antes que me esqueça: meritocracia de cu é rola! Primeiro porque é óbvio que eu entro com o cu e você com a rola. Depois, porque nem sei do que você está falando. Acha que tenho tempo e neurônio para pensar. Eu vivo no reflexo.
Mas é linda sua filosofia! Cozinha ela junto com seu diploma e come. Depois me diz se matou a fome. E quando seu filho estiver morrendo na porta do hospital, aplica nele uma injeção de blablablá. Chama um sociólogo para fazer aquela cirurgia de tendinite que você pegou de tanto torcer pano de chão.
E entenda o seguinte! Essa não é minha voz. É a literatura que está colocando palavras na minha boca. Não sei falar, só sei assistir televisão. Minha vontade é pegar um pau e quebrar tudo. E você vem me cobrar consciência política! Sério isso?