Acordei cedo e fui tomar café na cameloa. Pedi bolo de fubá. A moça estava conversando, como de costume, com um cara que também, como de costume, aparecia na barracadela em horário nobre. O cara, como de costume, ignorou minha presença e continuou contando sua história de fantasmas.
A moça estava rindo a beça. Aproveitei o tema para contar sobre um susto que levei. Demos risadas juntos, os três. Pela primeira vez, depois de meses, o cara reconheceu minha presença alí e até fez um comentário como se eu fosse da família.
Na hora de ir embora, me despedi desejando bom dia. Eis que o cara se deu conta que havia conversado com outro fantasma: eu. Respondeu com um olhar que dizia: “Não pertencemos ao mesmo mundo! Você já se intrometeu demais! Vá embora!”.
“Claro que pertenço, até comungamos do mesmo café com leite!” pensei, mas não disse, pois são as palavras que separam o café do leite.