Reclamamos da poluição, da enchente, do trânsito, da violência, mas não saímos da muvuca. Gostamos mesmo é de bafafá. Somos todos favelados, independente de classe social.
Adoro muvuca. É a diversidade que cria e alimenta o escritor em mim. Sem muvuca eu não teria para onde olhar nem o que contar. Mas adoro solidão também. Às vezes sinto como se a cidade estivesse me sugando por um canudinho do McDonald’s e me roubando feito trombadinha.
Me tranco no banheiro e toco violão no escuro. Notas longas para ouvir a reverberação do azulejo. Ou então escrevo. Nada mais solitário e curativo do que escrever. Após centenas de caracteres mudos me lembro da verdade. Não me pergunte que verdade, não teria como lhe dizer. Esse tipo de verdade só a solidão sabe explicar, pois só o que está só não tem para quem mentir.
Solidão e muvuca não são opções, são necessidades. E pior! Excludentes. Por isso entramos uns nos outros querendo sair e saímos querendo voltar. Por isso amamos e odiamos.
O inferno é o outro. O paraíso também.