O sino da catedral toca igual ringue de boxe.
Azul contra vermelho, direita contra esquerda, certo contra errado, o bem contra o mal.
A multidão faz apostas urrando, mas os lutadores não escutam nada, pois estão usando tampões nos ouvidos.
Socos, socos, loucos.
De repente, o lutador vermelho é golpeado na cabeça e perde os tampões. Imediatamente, entre os gritos histéricos, ele escuta uma voz dizendo: “Eu te amo”.
A frase está saindo da boca do seu oponente, junto com os socos.
O lutador vermelho começa a desviar dos golpes do seu oponente e repetir uma frase de resposta, mas o lutador azul não escuta por causa dos tampões.
O lutador vermelho, decide golpear seu oponente na cabeça, com toda sua força, para retirar os tampões dele. Funciona. Os tampões do lutador azul caem e ele escuta a voz do lutador vermelho dizendo: “Eu também te amo”.
Os dois param de lutar.
A multidão continua gritando, mas dentro deles faz silêncio.
O punho dos dois lutadores vão se abrindo vagarosamente.
Seus corpos vão se aproximando e eles se abraçam.
Todas as pessoas se aproximam e se juntam aquele abraço, atraídos por uma força estranha. Eu, você, pessoas de outras cidades, outros países, outros planetas, outras dimensões. Todos em um big-bang de marcha ré.
E o sino da catedral toca igual noite de natal.