Quem me vê passando
pensa que é preguiça
que é fraqueza
que é fracasso
Sinto asco!
Dou mais um passo
Persisto
Quem me vê passando
não vê meus pais
sentados em meus ombros
a mente humana
acorrentada aos meus calcanhares
o peso dos olhares
os narizes empinados
a gordura mórbida
dos meus pecados
Como se não bastasse
a tortura diária
de carregar na calça
um saco de matéria
ainda tenho que arrastar
essa alma sem alça