Messi é foda, eu sei. Mbappe é foda, eu sei. O jogo da final foi foda, eu sei. Tudo muito foda e digno de exaltação. Mas foda mesmo, foda com força, foda de arrebentar os quatro pés da cama, é que a copa acabou. Acabou? Acabou? Pqp! Pode isso, Arnaldo? Claro que ainda tem milhares de retrospectivas e recortes para assistir no youtube. Mas a.ca.booooou! Entende?
Se ainda não entendeu, vou te explicar cometendo uma heresia literária. Vou plagiar um famoso poema do Drummond. Já usaram esse poema para tantos fins de festas com ressaca que minha heresia vai descer igual Engov. Segue:
E agora, torcedor? A copa acabou, a luz do estádio apagou, os jogadores sumiram, a torcida calou. E agora, torcedor? Você que é sem nome, que zomba dos adversários, você que faz meme, que seca e que xinga? E agora, torcedor?
Está sem Messi, Mbappe, CR7, Neymar, Galvão Bueno, já não pode ganhar, já não pode perder, bolão já não pode, só tem Netflix, Caldeirão do Hulk, as oitavas já vieram, as quartas já vieram, e tudo acabou e a rotina voltou. E agora, torcedor?
A camisa amarela, o grito de gol, o álbum de figurinha, o favoritismo, a cueca da sorte, o amigo pé frio, sua paixão, seu ódio — e agora?
Com o controle na mão, quer ver o Pombo fazendo gol de voleio, quer ver Marrocos chegar na final, quer ver goleiro defendendo pênalti, mas é fim de jogo; quer ir para o estádio Lusail, estádio não há mais. Torcedor, e agora?
Se os 365 dias do ano fossem tão vibrantes quanto os 28 de copa. Mas não é assim, torcedor, e isso é duro! Sozinho no escuro, sem prorrogação, sem decisão por pênaltis, sem acréscimos que retardem o fim, você espera, torcedor, por mais quatro anos.
